Há sete anos, eu e meu marido adotamos uma criança com problemas de apego. Uma parte da adoção era obviamente as exigências legais que incluíam ir ao tribunal, registrar a adoção, mudar o nome dele e conseguir uma certidão de nascimento completa. Outra parte era inclui-lo na família como um filho amado. Para uma criança pequena, com um passado traumático que tinha hábitos de autopreservação profundamente arraigados e muita desconfiança, essa era uma parte necessária para mudar sua história, sua identidade e a referência de onde ele tiraria sua vida, seu amor e sua confiança. O povo de Deus tem uma história semelhante. Eles não apenas precisavam preencher os requisitos legais, mas também precisavam ser enxertados à Deus como filhos amados.
Olhar com mais cuidado para a nação de Israel não apenas nos ajuda a ver o caráter de Deus mas lança o fundamento para entendermos a solução de deus: o que Jesus fez e a profundidade e largura do porquê disso ser importante.
Ligando os símbolos à Jesus
Jesus é a nossa referência viva de como os humanos foram criados originalmente para viver dependendo de Deus. Ele era um ser humano real que ria, chorava, amava, curava, orava e sofria… que sempre esteve em um relacionamento perfeito com Seu pai. No seu dia a dia Ele fez o que Adão não conseguiu fazer. Ele viveu um relacionamento perfeito, sem falhas com o Pai, através do Espírito, como ser Humano. Ele é a verdadeira imagem e semelhança que regenerou a humanidade em Seu corpo através da Sua vida humana perfeita.
Scot McKnight compartilha que o batismo perfeito de Jesus e sua experiência no deserto refaz e restaura a experiência de Israel com o Mar vermelho e no deserto. Onde eles falharam, Jesus dá a resposta fiel e perfeita, retrocedendo a história e a restaurando. Jesus escolhe doze discípulos e re-faz e restaura as tribos de Israel (que deveriam ter refletido Deus para as nações). Através dos discípulos, ele vai reconstruir o povo de Deus na Igreja – que vai estabelecer o Seu Reino e refleti-Lo para as nações. Através da Sua vida, Jesus fez o que Israel não conseguiu fazer: Ele é a verdadeira Imagem e Semelhança que reestabelece o povo de Deus em Seu corpo (a Igreja).
Como consequência da vida humana perfeita de Jesus e como resposta a Deus, Sua morte cumpre os requisitos justos da Lei. Como humano, Jesus tomou nosso lugar no nosso lado da aliança. Ele ofereceu a resposta perfeita de fidelidade (que nós éramos incapazes de oferecer), cumprindo a lei. Ele se identifica conosco na nossa dor, sofrimento e morte, e recebe as consequências do nosso pecado morrendo sacrificialmente como nosso substituto e bode expiatório (João 1:29, Isaías 53: 4-5). Na sua ressureição, Ele derrota a morte e Satanás, e faz tudo novo. Em Jesus, todas as coisas que foram distorcidas pela queda na humanidade e na criança foram resolvidas na cruz.
O véu rasgado no templo nos diz que algo real mudou! Hebreus 2 descreve Jesus como nosso eterno Sumo Sacerdote que nos apresenta a Deus e que de uma vez por todas se sacrificou pelos pecados do povo. Jesus leva embora nossos pecados e nos traz para o Santo dos Santos. Assim como o Sumo Sacerdote entrava no Santo dos Santos com os nomes dos filhos de Deus em uma placa no peito, o Espírito Santo me liga ao corpo de Cristo, e Jesus nos carrega pelo véu rasgado até o Santo dos Santos e a presença do Pai. Aqui, como nosso Sumo sacerdote e sacrifício, a presença de Jesus é uma intercessão contínua e mediação em nosso favor.
Na África do Sul (onde vivo), a maior parte das plantações se dá em áreas secas. Por causa disso, as frutas com caroço são enxertadas a um tipo específico de pessegueiro que tem um sistema de raízes extremamente profundo. Quando os galhos das frutas drenam a vida do tronco do pessegueiro, conseguem viver e gerar frutos. Através do enxerto, geram frutos abundantemente. Deus nos fez dessa forma também. Somos feitos para receber nossa vida Dele. Depois da queda, nossa maior necessidade era ter nossa vida de volta.
Colossenses 1: 15-20 diz que todas as coisas foram criadas através de Cristo e por Ele, e que Nele todas as coisas são unidas, pois todas as coisa sna terra e nos céus são reconciliadas em Cristo. A Teóloga Julie Canlis nos explica que todas as coisas foram criadas para ter vida em Jesus, não por causa do pecado, mas por causa da forma com que Deus se relaciona com a humanidade e com a criação. A vida não pode existir longe dele. A criação foi feita para ser um lugar de relacionamento com Deus. Essa é a chave: nossa redenção se insere em uma história maior sobre a intenção de Deus de que estivéssemos em comunhão e participássemos em sua vida. Não é apenas sobre sua morte na cruz para pagar pelos meus pecados. Mas em sua vida, morte e ressureição, ascensão e entrega do Espirito Santo, nós (e toda a criação) somos recriados e enxertados de volta à vida e sustendo Nele, como deveria ser. Temos nossa vida de volta!
Jesus não é testemunha do que Deus tem feito – Ele é o que Deus tem feito!
Jesus desfez o que Adão fez: em Adão nós pecamos e morremos; “em Cristo” nos tornamos justos e vivemos pela fé. Nós não recebemos vida, nós recebemos Cristo que é vida (João 14:6). Minha vida está Nele, escondida Nele. Nós não apenas cremos Nele ou servimos a Ele: nosso objetivo é estar Nele. Jesus está corporificado no céu na presença do Pai e se torna disponível a nós por meio do Espírito. Não é uma conversão de momento, mas uma vida contínua de permanência. É a representação da vinha enxertada: é devolver o galho no qual a maça está, para que possa obter vida no tronco. Agora eu obtenho a minha vida de uma fonte diferente (João 15). É uma mudança na História!
Algo para refletir:
Pense sobre as diferentes áreas da sua vida: família, amizade, trabalho, relaxamento, finanças, auto-estima, memorias, dons, etc. Em quais áreas você está obtendo vida em Cristo? Há áreas nas quais você está tentando obter vida de fontes diferentes? Você está vivendo sob a ótica de outras histórias? O que você poderia fazer, ou com quem você poderia conversar para ajudar a buscar vida de Jesus nessas áreas?
Para mais leituras eu recomendo:
A Community Called Atonement de Scot McKnight