“Temos um papel a desempenhar no plano de Deus para unir o céu e a terra, para levar a história do mundo à culminação e para ver a terra cultivada e transformada na cidade-jardim… a intenção original de Deus para a humanidade foi restaurada em nós através de Jesus Cristo. No começo, Deus chamou a humanidade para encher a terra e subjugá-la. Ele comissionou seus portadores de imagem a levar sua ordem, beleza e abundância até os confins da terra. Esta missão, frustrada e desviada pela nossa rebelião, pode agora ser reconquistada quando nos reconciliamos com Deus através da cruz e somos feitos novos em Cristo” – Skye Jethani
As Fundações A imagem de Deus em nós deve refletir na maneira como nos relacionamos com Deus, com os outros e com o mundo (Gênesis 1:26-28). De Gênesis 1, existe uma relação entre seres humanos sendo criados à imagem de Deus e co-criando com Ele à medida que governamos e subjugamos a criação. Obviamente, não estamos vivendo nos parâmetros de Gênesis 1 e 2, mas mesmo depois do pecado ainda somos portadores da imagem de Deus e ainda somos chamados a governar e subjugar a terra.
“Quando Deus criou o cosmos, ele deu à raça humana uma parte específica e maravilhosa em seu projeto. Somos feitos por Deus para administrar Seu mundo material e criar uma cultura humana que revele a imagem completa de Deus. Seu mandato em Gênesis 1:28 não é para nós sermos agricultores; é para nós usarmos nossos dons para criar, de acordo com a imagem dele em cada um de nós.” – Landa Cope
A intenção original de Deus de ter humanos se relacionando com a criação é eterna e deve ser vista como parte da Nova Aliança feita por meio de Cristo. É crucial buscar nosso chamado na continuação de Seu mandato de co-criar com Deus ao subjugarmos a terra. Precisamos de maneiras de incluir isso em nossa própria formação espiritual, bem como em nosso discipulado de outras pessoas.
O que o Espírito Santo está me chamando para fazer como meu trabalho no mundo? Como isso se alinha com o que estou fazendo atualmente?
Embora cada pessoa tenha dons e traços de personalidade únicos e os carregue por toda a vida, a vocação e o chamado são processos dinâmicos e contínuos. Há mudanças de foco e formas de expressão à medida que os tempos e as estações da vida se desdobram – assim como no processo de formação espiritual e discipulado.
O Impacto da Escatologia. A maneira como interpretamos a vocação e o chamado é grandemente impactada pela nossa escatologia. A igreja hoje dá grande ênfase à descontinuidade, que prediz que nada deste mundo importará na próxima era, exceto as almas daqueles que foram resgatados. Este mundo atual será destruído e substituído por uma criação completamente nova e aperfeiçoada. Com essa crença, as pessoas compreensivelmente lutam para ver o sentido de investir vocacionalmente em um mundo temporário.
No entanto, a continuidade é outra visão a considerar. A partir de Gênesis 1 existe uma clara correlação entre conhecer a Deus e o Seu chamado para a humanidade. Na culminação da criação, Deus: Pai, Filho e Espírito Santo criam os humanos para refletir Sua glória: individual e corporativamente. Parte deste chamado é revelar a Sua glória através do trabalho que fazemos.
“Uma grande parte de como sabemos e desfrutamos dele para sempre é no cumprimento do trabalho que ele nos criou para fazer. Nós revelamos Deus, em parte, através do trabalho de nossas mãos. Assim como a criação de Deus revela quem ele é, nosso trabalho revela quem somos, em que acreditamos, e a quem e o que adoramos.” – Landa Cope
Nós nos assemelhamos a Sua natureza criativa quando dominamos a terra e co-criamos com Ele. Como portadores da imagem de Deus, a humanidade foi impedida de crescer em Seu plano por causa do pecado. No entanto, através da restauração de Cristo da humanidade e do plano original de Deus, Seu povo ainda tem um papel a desempenhar em trazer o céu para a terra. No corpo ressurreto de Jesus, Ele derrota o pecado e a morte, reúne o mundo natural e sobrenatural, e restaura e torna novas todas as coisas.
Quer acreditemos na plena redenção deste mundo (continuidade) ou a de um novo céu e nova terra que virá com o retorno de Jesus (descontinuidade), terá impacto sobre como nos relacionamos com o trabalho que fazemos. A compreensão de que o trabalho que fazemos importa não apenas para o mundo em que vivemos no momento presente, mas também para o mundo que está por vir, afeta diretamente nosso envolvimento com o trabalho que realizamos e afeta como discipulamos os outros em relação à vocação.
Aprendendo com Sua História de Vida. Precisamos de tempo para refletir, com a orientação do Espírito Santo, sobre nossos padrões de pensamentos, sentimentos e ações. Escrever a mão a narrativa de sua história de vida pode criar espaço para olhar sua história com novos olhos e a iluminação do Espírito. É também uma oportunidade para conectar as estações da vida com um conjunto particular de eventos, emoções ou padrões de comportamento e para identificar habilidades específicas que poderiam ser indicadores de dons naturais dados por Deus. Por sua vez, estes tornam-se indicadores de onde podemos precisar de práticas espirituais para crescer, se fortalecer e amadurecer.
Avaliando Suas Motivações. Precisamos de maneiras de reavaliar, e talvez confrontar, nossas motivações para o trabalho em que estamos envolvidos. Jethani usa a preposição com para descrever uma vida de conhecer e experimentar a comunhão com Deus. Ele nos convida a re-imaginar uma vida fundada em uma profunda comunhão e relacionamento amoroso com Deus, onde Deus é estimado acima de tudo. (Veja o clipe abaixo de Skye Jethani explicando isso). Nossas motivações para o trabalho em que estamos envolvidos devem fluir disso. Our motivations for the work we are involved in should flow from this.
Precisamos nos proteger contra a crença de que nosso valor é determinado pelo impacto que causamos no mundo, ou pela riqueza ou poder, posição ou popularidade. O medo da insignificância pode gerar pessoas que são apenas motivadas por realizar. O medo da insignificância para Deus, pode gerar cristão e obreiros apenas motivados por realizar.
Disciplinas Espirituais como um Caminho para Formação e Vocação. A prática de disciplinas espirituais são uma forma de unificar os reinos físico e spiritual, promovendo consciência da presença do Espírito Santo e Sua participação dinâmica e viva nas atividades diárias e formando em nós a semelhança de Cristo. Precisamos de maneiras de crescer nas áreas que identificamos como impedimento à nossa vocação e chamado, e precisamos de maneiras para desenvolver nossas capacidades e dons. Precisamos de maneiras para ver, ou reconectar com a ideia que cada tipo de trabalho e atividade é santificada e pode ser uma forma de adoração.
A jornada de ser transformado espiritualmente é normalmente vista como uma jornada oposta à de ser um ser humano. Contudo, o psicólogo e autor David Benner (2011) disse “somos seres espirituais numa jornada humana… Espiritualidade pode e deve estar a serviço de nos tornarmos mais humanos”. Precisamos desesperadamente de maneiras para incorporar essas rotinas como formas de conectar nossa jornada espiritual ao nosso corpo humano.
“Primeira e basicamente, a espiritualidade nos afasta da vida sempre que nos distancia de nossos corpos. O corpo ancora o espiritual e o intelectual, fundamentando percepções em sensações, sentimentos em emoções, pensamentos em ações, defesas em músculos, e crenças em comportamento. Sempre que nossos laços com o corpo são tênues, nossos laços com a realidade são igualmente frágeis. O corpo nos liga às verdades de nós mesmos, do nosso mundo e dos outros… Ser humano é ser corporificado, de forma que espiritualidade que não leva o corpo a sério, diminui necessariamente nossa humanidade.” – David Benner
Conclusões
Precisamos de formas para facilitar o crescimento das pessoas em relação à seu chamado, de forma que sejam intencionais em como desenvolver sua carreira como parte do crescimento spiritual. Demasiadas vezes, quando executamos um trabalho (muitas vezes trabalhando em posições que não são nossa área de especialização, nem nosso chamado ou dom) validação vem do recebimento de posição de autoridade (e nos apegamos ao papel ou posição para receber reconhecimento e “pagar” pelo poder – especialmente em ambientes onde a recompensa financeira não é alta). Entretanto, precisamos recuperar a visão de que o trabalho do chamado é baseado na revelação profunda de quem Deus é e quem somos nele. Enfim, é aprender a encarnar em nossa vocação a oração de Jesus: “Venha o Teu reino assim, na terra como nos céus”.
Tome alguns minutos para assistir o vídeo abaixo sobre Discipulado Vocacional por Skye Jethani.
Para leitura ou descoberta adicional eu recomendo:
Benner, D. G. (2011). Soulful Spirituality: Becoming Fully Alive and Deeply Human
Boren, S. (2013). Difference Makers: An Action Guide for Jesus Followers
Palmer, P. (2009). Let Your Life Speak: Listening for the Voice of Vocation
Smith, G. (2011). Courage and Calling: Embracing Your God-Given Potential
StrengthsFinder